04 novembro, 2005
Diagnóstico Laboratorial da Febre Maculosa
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmou nesta quinta-feira dia 03 de novembro de 2005 que duas pessoas foram infectadas pela febre maculosa, doença rara causada por carrapatos contaminados por uma bactéria.Uma das vítimas, o delegado Fernando Villasboas, morreu esta semana após contrair a doença em Itaipava, na região serrana do Rio de Janeiro. A outra pessoa, uma turista baiana que esteve na cidade, conseguiu ser diagnosticada a tempo, depois de já ter voltado para a Bahia. "Com esses dois casos confirmados, aumenta o nosso estado de alerta na região. Existe a possibilidade de um terceiro caso ser confirmado", disse Elba Lemos, pesquisadora da Fiocruz. O jornalista Roberto Moura morreu na semana passada com suspeita da doença e um aposentado de 62 anos está internado em um hospital da zona sul do Rio com sinais da febre maculosa. Todas essas pessoas estiveram hospedadas na mesma pousada em Itaipava.
Diagnóstico Laboratorial da Febre Maculosa
A Febre Maculosa Brasileira (FMB) é uma doença infecciosa febril aguda, de gravidade variável, podendo cursar assintomática ou com sintomas frustos até formas graves com elevada taxa de letalidade. É causada por uma bactéria do gênero rickettsia transmitida por carrapatos, caracterizando-se por ter início brusco, com febre elevada, cefaléia, mialgia intensa e prostração, seguida de exantema máculo-papular predominantemente nas regiões palmar e plantar, que pode evoluir para petéquias, equimoses e hemorragias. Cerca de 80% dos indivíduos, com forma grave, evoluem para óbito. A FMB pode ser de difícil diagnóstico, sobretudo na fase inicial da doença, mesmo entre médicos bastante experientes.
O agente etiológico é a Rickettsia rickettsii, da família Rickettsiaceae, parasita intracelular obrigatório, com características de bactéria gram negativa. No Brasil, o principal reservatório da Rickettsia rickettsii, são os carrapatos da espécie Amblyomma (A. cajennense e A. cooperi), popularmente conhecidos como "carrapato estrela", "carrapato de cavalo" ou "rodoleiro"; as ninfas por "vermelhinhos", e as larvas por "micuins" (Ver figura)
A doença é transmitida por adesão dos carrapatos infectados à pele do hospedeiro e o período de incubação é de dois a catorze dias (em média 7 dias). Dados clínicos e epidemiológicos associados a achados laboratoriais reforçam o diagnóstico da doença. O método diagnóstico é a sorologia. A reação de imunofluorescência indireta (IFI) utilizando antígenos específicos para R. rickettsii, e deve ser considerado como confirmatório nas amostras únicas que apresentem títulos de 1/64 ou aumento de 4 vezes em uma segunda amostra.colhida pelo menos duas semanas após a primeira amostra (soro pareado). Também pode ser realizada ELISA com pesquisa de anticorpos tipo IgM e tipo IgG. Outros métodos são a reação em cadeia de polimerase (PCR) e a cultura - visando o isolamento do agente etiológico.
O diagnóstico diferencial inclui leptospirose, sarampo, febre tifóide, dengue, febre amarela, meningococcemia, febre purpúrica brasileira, doença de Lyme , sepsis e enterovirose. É uma doença de notificação compulsória, devendo ser informada pelo meio mais rápido disponível, e de investigação epidemiológica com busca ativa, para evitar a ocorrência de novos casos e óbitos.
Está disponível através do LABConsult o POP: Diagnóstico Laboratorial da Febre Maculosa (Rickettsia rickettsii)
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